domingo, 11 de dezembro de 2011

Prevista uma Manhattan para o antigo Mercado

Na sua edição de hoje, o Jornal de Notícias insere uma extensa reportagem, sugestivamente intitulada " Prevista uma Manhattan para o antigo mercado" em que se aborda a intenção já aqui amplamente denunciada, de se construirem, no Centro Cívico de Rio Tinto, quatro torres de 11 andares.Transcrevemos:
"A Câmara Municipal de Gondomar aprovou, em Abril, uma proposta para o Plano de Pormenor do Centro Cívico de Rio Tinto, que permite construir, no terreno do antigo mercado e para onde estava previsto o novo Fórum Municipal, quatro torres de 11 andares. Autarca nega.
O documento, a que o JN teve acesso, foi aprovado pela maioria presidida pelo major Valentim Loureiro, contou com os votos contra do PS e abstenção dos dois vereadores do PSD. Nele consta a proposta, da autoria do vice-presidente da Câmara, José Luís Oliveira, de entregar o terreno para a construção de quatro prédios de 11 andares cada um, a fazer lembrar uma espécie de Manahattan."
E mais adiante:
"Contactado pelo JN, o vice-presidente da Câmara nega qualquer edificação: "Está a decorrer a realização do Plano de Pormenor do Centro Cívico de Rio Tinto, por uma empresa estranha à Câmara e só dentro de um ano ou mais é que saberemos o que para ali será proposto" assegurou José Luís Oliveira, que apelida de "velhos do Restelo" quem "anda por aí a inventar mentiras dessas "."
Realçamos, com muito agrado, esta notícia que dá voz a justas preocupações dos riotintenses.
Mas, ao mesmo tempo, não podemos deixar de ficar estarrecidos de espanto pela forma como o vice-presidente da Câmara quer "tapar o sol com a peneira". E fá-lo de modo tão contraditório que é traído pela sua própria linguagem. Assim, já é conhecido o uso da expressão "velhos do Restelo" a propósito daqueles que se opõem à edificação de projectos que ofendem princípios de defesa do ambiente. Então, nestas palavras do edil está subentendido que há quem se esteja a opor ao "progresso" leia-se "progresso imobiliário". A história de episódios ocorridos por esse país mostra aliás que,quando se trata de abater sobreiros, ou ocupar solos com outra vocação, ou ignorar leitos de cheia, ou passar por cima de reservas ecológicas, ou ... para implantar mais umas toneladas de betão, quem não concorda será sempre apelidado de "velho do Restelo" em nome de uma pseudo-modernidade que é, ela sim, retrógrada, inconveniente e dispensável.
E quem anda por aí a inventar mentiras?
Será mentira que a Câmara de Gondomar reuniu a 7 de Abril e aprovou uma proposta sobre o Centro Cívico de Rio Tinto?
Será mentira que nessa mesma reunião se registou uma declaração de voto dos vereadores socialistas que se insurgiam contra a edificação de "um espaço destinado a edifício de RC+11 andares"?
Será mentira o que as actas da reunião da Câmara reportam?
Será o JN mentiroso?
Será a nós, Movimento em Defesa de Rio Tinto que o autarca se quer referir como "velhos do Restelo" e "mentirosos"?
Pela nossa parte, não nos incomodamos com este tipo de afirmações, no mínimo pouco convenientes e que parecem deixar transparecer a irritação de quem não gosta de ver publicitados propósitos sobre os quais gostaria que se registasse o menor ruído possível.
Mas, pode crer que, seguros de estarmos a defender a integridade patrimonial e ambiental da cidade que amamos, não calaremos a nossa voz de denúncia e indignação.
Nota- a reportagem do JN (os nossos parabéns ao importante órgão de informação) é ilustrada por uma sugestiva imagem obtida nos terrenos do antigo mercado, em que se vêem as duas placas ali colocadas pelo nosso Movimento. Mas, por concidência, foi também apanhada uma publicidade de um circo em que se destaca, em letras garrafais, a palavra "piranhas". Ora, sabendo-se da voracidade destes animais, não deixa de ser irónica a coincidência... É que há por aí outras voracidades...

5 comentários:

João Pedro disse...

Serão prédios de 11 andares + R/C considerados torres?!?! LOL enfim.....

Judite Maia-Moura disse...

11 andares em Rio Tinto, sobretudo no local que se refere, terão provavelmente o mesmo impacto que os 110 andares em Manhattan...
Judite Maia-Moura

Anónimo disse...

A isto chama-se progresso a um espaço para além de morto, feio! Já que temos a Quinta das fereiras como um espaço de lazer mesmo ao lado, porque náo ter esses prédios? Não podemos construir espaços verdes na vertical, portanto ao construir um predio que seja o mais alto possivel para termos muito espaço na horizontal. Só irá trazer mais população a Rio Tinto e numa area espetacular com o metro e o Parque Nascente ali ao lado.

+ pessoas, + desenvolvimento! Vai ser bom para o comercio local.

Antunes disse...

Precisamos de nos entender sobre o que é isso de desenvolvimento. Carros e betão é desenvolvimento? E quanto ao comércio local, não será mais o comércio do Parque Nascente?

Os interesses são grandes e apetotodos. Mas à custa do erário publico? Ainda há quem aceite isso?

Lamento muito "a opinião" do presidente da junta.

Adérito disse...

A cidade de Rio Tinto não carece de mais pessoas – porque é uma das freguesias mais populosas do País – embora as que queiram mudar-se para cá, sejam sempre bem-vindas. O que Rio Tinto precisa é de locais que gerem ofertas, que façam com as que cá habitam não precisem de se deslocar para a periferia.
Ora o que sempre foi dito – repetidamente – é que o mercado iria desaparecer, para dar lugar ao Centro Cultural e é isso que os riotintenses devem exigir, é que se cumpram as promessas. Naturalmente que toda aquela zona irá ficar mais enriquecida com a instalação deste edifício, uma vez que à sua volta à toda uma riqueza que a ser aproveitada será uma mais-valia para a cidade... o rio Tinto, a Quinta das Freiras, o Metro...
A construção de mais uns prédios, em nada beneficiaria o comércio, bem pelo contrário, pois estou em crer que se o projecto fosse por diante, iria ter estabelecimentos comerciais para servir quem ali habitasse, retirando mesmo uns tantos clientes ao comércio local...
Não se podem construir espaços verdes na vertical, é verdade, mas a Quinta das Freiras ser requalificada e seguir o seu caminho rumo ao Parque Oriental.