sábado, 20 de outubro de 2012

Projeto Parque da Levada

Conforme o previsto, realizou-se hoje, no anfiteatro da Escola Secundária de Rio Tinto a apresentação do Projeto Parque da Levada, elaborado por um grupo de estudantes de Arquitetura Paisagista da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

  A sessão foi inciciada pela Diretora da Escola Secundária, Drª Luísa Pereira que afirmou ser esta uma sessão a pensar no futuro.
Carlos Duarte, em nome do Movimento em Defesa do Rio Tinto que, depois de saudar os presentes que totalizavam algumas dezenas, com destaque para  convidados que representavam instituições relevantes no que se refere à problemática do rio (Junta Metropolitana do Porto, Águas de Gondomar,LIPOR,Departamento do Ambiente da Câmara Municipal de Gondomar, e da Câmara Municipal do Porto,Junta de Freguesia de Rio Tinto, ARH), salientou que a proposta que iríamos conhecer representava um desafio a vários níveis.

A Doutora Isabel Martinho da Silva,docente que acompanhou os alunos, enquadrou o projeto, salientando que se tratava de um trabalho académico. O rio Tinto e a Levada, pelo conjunto de problemas que levantavam, surgiram como zonas privilegiadas para o desenvolvimento de atividades de formação dos futuros arquitetos.
Catarina Ferreira, José Costa, Daniel Oliveira e Iolanda Araújo, os autores do projeto apresentaram-no à assistência, que seguiu, interessada e agradada, a exposição.

Em termos muito genéricos a proposta, que teve em conta inquéritos realizados junto de uma amostra da população pretende devolver dignidade ao rio e valorizar as suas margens, dotando-as de espaços de lazer abertos à fruição dos cidadãos. De salientar que, no âmbito dos referidos inquéritos, 87% dos inquiridos gostariam de ver o rio desentubado.
Como a Levada poderia ser, foi o que nos mostraram os jovens estudantes, com recurso a imagens aliciantes e apelativas que fizeram sonhar a maioria dos presentes, através da visualização virtual de espaços verdes, apetecíveis, idílicos em contraposição com a triste realidade que hoje existe.
Assim, teríamos, na base de tudo, a requalificação do rio incluido o seu desentubamento, criando-se alternativas para o escoamento do tráfego automóvel.
Nesta zona da Levada, seriam construídas duas zonas de recreio, uma bacia de retenção, um açude galgável e um defletor de troncos e outros equipamentos, designadamente um café sobranceiro ao espaço. Junto ao Centro de Saúde seriam previstos três taludes, suportados por muros de baixa altura, as margens do rio seriam alargadas e haveria um passeio pedonal paralelo que, em caso de cheias, poderia ser alagado sem consequências prejudiciais.
Um pouco mais a montante, são previstos campos agrícolas e um parque de merendas em ligação à escola aí existente.No mesmo local haveria uma horta pedagógica e uma área de recreio de apoio à escola.
Depois da apresentação realizou-se um breve debate, com várias intervenções que foram unânimes em realçar a qualidade do projeto.
Retenham-se, entretanto, duas ideias avançadas pelos jovens estudantes, que nos apraz realçar. Uma delas tem a ver com o retorno económico de intervenções como esta que não será de esperar que seja imediato mas que, a médio ou longo prazo acontecerá, justificando o investimento aplicado. Por outro lado gostámos de ouvir dizer que estes jovens tiveram com objetivo fundamental "devolver a esperança aos riotintenses".
Paulo Silva, em nome do Movimento, rematou o debate chamando a atenção para o facto de haver uma contradição insanável entre este projeto e o chamado Plano de Pormenor aprovado pela Câmara Municipal de Gondomar para esta zona. Estas são duas realidades profundamente opostas. Assim, se os responsáveis, decisores políticos saudarem e valorizarem o projeto hoje apresentado, terão, obviamente,de fazerem uma opção clara e abandonarem a postura que têm seguido até agora.
Depois, alguns dos presentes, dirigiram-se para a zona de implantação do projeto, onde ouviram explicações complementares dos autores.

Como nota final, queremos expressar dois agradecimentos.
Um à Direção da Escola Secundária de Rio Tinto pela cedência do espaço onde decorreu o evento e outro, muito caloroso, a estes futuros arquitetos paisagistas que , com o seu exemplo, mostraram que, efetivamente, os riotintenses podem ter esperança em vir a dispor de um rio valorizado, aprazível, liberto e renovado.

6 comentários:

Jorge Madureira disse...

Rio Tinto será o que nós conseguirmos fazer. A nós, riotintenses, cumpre-nos lutar pelos nossos ideias.
Rio Tinto é nosso!

Anónimo disse...

Bom dia,
Seria interessante divulgar em detalhe o projeto. Não pude comparecer, mas gostava muito de conhecer as soluções.
Impressão minha, ou a quem dizia mais respeito o projeto não esteve na sala? Refiro-me aos presidentes da câmara e da junta locais. Não estiveram, certo?

António Vieira

Carlos Duarte Magalhães disse...

Todo o grupo do Move Rio Tinto sente orgulho em ter proporcionado a apresentação deste projeto de melhoria para o rio, ribeira da Castanheira e para a cidade.
Através deste sonhador grupo de futuros arquitetos foi-nos apresentada uma proposta para transformação de espaços assente num trabalho de audição das pessoas, de investigação e estudo das problemáticas associadas ao rio e de uma visão integrada e moderna daquele território.
A “provocação” questiona os limites de opções conhecidas de todos nós e oferece-nos uma ideia de cidade cheia de vida, de bem-estar e de lazer sem colidir com as linhas de água, que ninguém nega querer como sua.
Sabemos contudo que isso não chega. É necessário lutar por estas ideias e tudo fazer para as levar por diante, devendo abrir-se desde já um processo que afaste de vez o eterno catálogo de decisões que fomentam a construção, automóvel e interesses individuais.
A todos os riotintenses, às entidades responsáveis, em especial à Câmara Municipal de Gondomar, Junta de Freguesia de Rio Tinto, ARH Norte e CCDR-N, “a bola” está do nosso lado.
O projeto está aí!

À Catarina, à Iolanda, ao Zé e ao Daniel, mais uma vez um sincero obrigado em nome do rio Tinto!

Aos companheiros do Move Rio Tinto, ontem concretizamos mais uma ideia que perseguíamos desde há muito tempo.

A luta continua!
Abraço cordial a todos.

Fernando Santos disse...

olá eu sou o
Fernando Santos ,lamento não ter estado presente ,mas vamos continuar a nossa luta até atingirmos os nossos objectivos.
E gostaria saber a que conclusão chegaram o meu obrigado e bem halam ao movimento

Adelaide Vieira disse...

Será que o PS e PSD vão querer alterar as decisões da CMG a favor de mais construção?
Louvo a vossa persistência, pois até ao lavar dos cestos é vindima...
As minhas dúvidas, ninguém mas tira. Só o S.Tomé...

Carlos Duarte Magalhães disse...

Adelaide, o problema passa por aí, mas não só.
O menosprezo daquele património único só pode causar pesar e indignação. Em vez de um espaço imaginado com água, verde e cheio de vida, as decisões tem fomentado arruamentos, uso do automóvel e construção. Persiste-se no erro entubar e estrangular as linhas de água, construir em zonas de alagamento.
Sobre aquelas zonas existe um sentimento de posse e uma identidade colectiva que nos confere o direito de ter uma palavra a dizer sobre a reabilitação funcional das linhas de água e valorização ambiental das margens.
Com a participação informada e tranquila de todos podemos ser uma espécie de controlo de qualidade antes das decisões. Os políticos querem isso? A prática diz-nos que não.
Quem é ouvido sobre o quê? Veja-se o que decorre na ribeira da Castanheira.
E por isso vamos desistir?
Questionar as nossas certezas e insistir na melhoria da qualidade dos rios e ambiental e do património da nossa cidade, é uma obrigação de todos.
Um abraço