segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Parque de Rio Tinto Inaugurado

Depois de várias alterações e adiamentos, o Parque Urbano de Rio Tinto lá foi inaugurado.
Diga-se de passagem, que tendo em conta a cerimónia de lançamento do projeto, a inauguração não foi muito espalhafatosa e exuberante. Talvez a maior descrição se deva às frequentes críticas vindas das outras freguesias, que dizem que só há investimento em Rio Tinto. Compreendemos esses comentários, mas é óbvio que Rio Tinto merecia o parque urbano. Na verdade, não merecia este parque, merecia um muito melhor.
Nesta altura, impõe-se fazer um balanço e uma avaliação do parque. O aspeto mais positivo é mesmo a sua existência, e com ele a eliminação de um espaço inútil e caótico mesmo no centro da cidade. Parece que já poucos se lembram, mas no seu último mandato, o major Valentim Loureiro transformou o espaço da antiga feira num terreno baldio que mais parecia saído de um qualquer filme de guerra. Não nos podemos esquecer que a destruição do edifício da feira de Rio Tinto teve um objetivo claro, ligado à permuta de terrenos e à especulação imobiliária.
Na verdade, a especulação imobiliária não saiu totalmente derrotada, uma vez que sem que nada o obrigasse, no primeiro mandato de Marco Martins, foi dada capacidade construtiva a parte significativa dos terrenos da quinta da Boavista. Essa decisão política manchará para sempre a construção deste parque.
Olhando só para o que foi modificado e construído há aspetos positivos e negativos. Dos positivos, destacamos a construção de vários espaços dirigidos aos mais novos, quase todo o projeto parece destinado a eles. O corte da rua da Ranha também foi uma boa solução, ainda que não seja consensual e continue a ser muito crítico o atravessamento da linha do metro.
Os aspetos negativos, prendem-se com a excessiva e desnecessária artificialização do espaço: a desnaturalização do leito, das margens da ribeira da Castanheira e a construção de um dique para a criação de um lago artificial, são alguns dos exemplos disso.
A implantação de uma praça em paralelos de granito e de um grande relvado central sem qualquer arborização serão espaços que só terão utilidade em meia dúzia de dias por ano e não contribuem em nada para a qualidade do parque.
Não desistimos do nosso sonho, quem sabe se num futuro mais ou menos próximo os terrenos da encosta da quinta da Boavista não poderão vir a fazer parte do parque verde.
Velhos do Restelo são aqueles que passam a vida a sonhar pequeno e rejubilam com um lago artificial para patos.

Paulo Silva
Movimento em Defesa do Rio Tinto
Publicado no Jornal Nós Aqui no mês de Julho de 2018

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