sexta-feira, 17 de julho de 2015

Gato Escondido com o rabo de fora na Assembleia Municipal de Gondomar

Tal como o esperado, no passado dia 29 de junho, a Assembleia Municipal de Gondomar aprovou o Plano Diretor Municipal (PDM). Tendo em conta as forças presentes, não seria de esperar outra coisa. Mas na verdade a notícia é outra: à última hora o Presidente da Assembleia retira da discussão o ponto referente à aquisição de dois terrenos no centro da cidade de Rio Tinto. Esta é uma história que não pode ser esquecida e que manchará o mandato de Marco Martins à frente da Câmara Municipal de Gondomar.                                                                                                                                               Por um curioso acaso do destino, o Presidente da CMG propôs a aquisição de dois terrenos na zona do centro de Rio Tinto na mesma altura em que o PDM ia a caminho da Assembleia Municipal. O dono dos terrenos (Lar D’Ouro - Sociedade de Construções, Lda.) é também proprietário de um outro terreno no centro de Rio Tinto que por um “passe de mágica” ganhou capacidade construtiva, com a aprovação deste PDM. Enfim, gato escondido com o rabo de fora.                                                                                                                                       Vamos aos pormenores. Na proposta do PDM, colocada à discussão pública, a 15 de maio passado, o terreno da chamada “Quinta do Cristóvão” foi proposto como zona verde de enquadramento. Esta proposta foi vista como positiva pelo Movimento em Defesa do Rio Tinto. Ao longo dos últimos anos temo-nos batido para que o centro da cidade de Rio Tinto não seja alvo de mais construção.                                                                                                       Na reunião de discussão pública da proposta do PDM, realizada na Junta de Freguesia de Rio Tinto, ficou claro, pela voz do Vice-presidente da CMG que afinal a classificação deste terreno poderia mudar radicalmente. Infelizmente, foi isso mesmo que aconteceu. Um terreno que, antes deste PDM, fazia parte da Reserva Agrícola Nacional passou de um momento para o outro a ter elevada capacidade de construção. Com esta opção infundamentada perde-se a possibilidade de desentubar, no futuro, o rio no centro da cidade.                                                                                                                                                     Algo semelhante sucedeu a um dos terrenos da Avenida Sá Carneiro, que ladeia a estrada de acesso ao Quartel dos Bombeiros. Na proposta colocada à discussão pública, a 15 de maio passado, foi apresentada como zona verde de enquadramento. Infelizmente, o verde da proposta transforma-se agora numa zona com capacidade de construção. Num volte-face, com contornos muito nebulosos e que faz renascer fantasmas do passado recente, a CMG dá capacidade construtiva a dois terrenos no centro da cidade de Rio Tinto.                                                                                                                                                        Não temos dúvidas, Gondomar continua a ser palco de jogos de interesses, que em nada contribuem para um futuro melhor deste concelho. Não vemos nada de transparente neste processo que, claramente, envolve personagens de um passado recente com os atuais líderes autárquicos. Gondomar e Rio Tinto não merecem isto. Quem fica a ganhar com a alteração? Os Riotintenses de certeza que não. Afinal o centro da cidade de Rio Tinto vai ter muito mais betão.                                                                                                                                                   Marco Martins faz um recuo estratégico e retirou a proposta de aquisição dos terrenos do centro cívico do Rio Tinto. A inabilidade política fez-lhe juntar na mesma semana a aquisição de terrenos com a aprovação do PDM. Mas de certeza que não mudou de ideias e que tudo já foi tratado nos corredores do poder. Vamos manter-nos atentos a este assunto. O adiamento da aprovação desta compra não vai branquear o que aconteceu.

Movimento em Defesa do Rio Tinto