sexta-feira, 10 de julho de 2009

Um poema

A Professora Lígia Bastos é uma das mais fiéis amigas do nosso rio.
Acaba de nos remeter um poema de sua autoria que, com todo o gosto, aqui divulgamos, com os nossos agradecimentos.


O RIO TRISTE

Nasci entre calhaus
Musgo e limos.
Águas tintas por baptismo.
Tintas do meu leito
Ferrugento, rubro,
Ou… sangue mouro?
Corri livre e solto
Com pressa de chegar
Ao grande Douro!
Transporte para o mar,
Manso ou revolto
Em canções d’embalar.

Nasci entre calhaus.
Corri livre e solto
Com pressa de chegar.
Água cristal a cantar.
Lavadeiras em desafio.
Gentes saboreando frescura.
Rega de tanta verdura…
Minha liberdade cessou,
Minha liberdade um caos.
Minha fada madrinha
Bem mal me fadou!

Por que a gente me despreza?
Sou lixo? Sou montureira?
Água entubada? Prisioneira?
Desprezaram a Natureza,
Mataram-me a beleza.

Hoje em oração
Noite e dia a implorar:
Deixem-me respirar!
Eu sou um rio.
Um rio de verdade.
Tenho a vida por um fio.
Quero viver.
Devolvam-me a liberdade!
Água límpida a correr!

LÍGIA BASTOS 03/07/09

2 comentários:

Carlos Duarte Magalhães disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Duarte Magalhães disse...

Bonitas, certas e polidas, as palavras da profª Ligia.
Elas renovam a esperança de um rio que seja um indubitável e variado motivo de orgulho dos riotintenses.
Façamos, o que tem de ser feito: ajudemo-lo um pouco, que ele, por si, renascerá!