sábado, 5 de novembro de 2011

Visita aos moinhos

Conforme estava anunciado, realizou-se hoje uma visita ao que resta de alguns dos moinhos que funcionaram, em tempos, no rio Tinto.
A concentração fez-se junto da Casa da Juventude na Quinta das Freiras. Reunimos cerca de meia centena de participantes.
A primeira paragem aconteceu junto das ruinas de um belo moinho, anexo à Ribeira da Castanheira,junto da linha ferroviária, que poderá estar perto do bicentenário.

Logo adiante, vimos os restos de uma azenha que ali permitia, em tempos, a rega de terrenos de cultivo.
Mas esta peça do património associado ao rio está seriamente ameaçada. Para lá do estado de abandono presente, a continuar a deposição de entulhos ali no final de uma estrada inacabada que pretende ligar uma rotunda da Estrada Nova ao Parque Nascente, o que resta da azenha será sepultado.
Dali, fomos para a zona da Levada, passando junto da nova linha do Metro. Segundo memórias de participantes menos jovens, ali houve também um moinho.
Parámos por alguns minutos, junto do Moinho da Vitória (assim denominado por ser esse o nome de uma antiga moleira e também de uma sua filha, que ali habitaram).

O Senhor António, que vive actualmente neste moinho, recordou tempos idos, em que havia por ali "11 mós" que moiam milho e centeio.
Ao todo, naquela zona, teriam trabalhado cerca de 7 engenhos.
Referiu-se também às recentes obras que foram efectuadas na sequência das cheias de 2009 e que conduziram à construção de um arremedo de levada, junto da sua pequena horta, que, nos últimos dias, por acção de chuvas mais fortes está a desmoronar-se. "Eu bem os avisei", diz, indignado este habitante, velho conhecer do rio. (havemos de voltar a este triste assunto).
A caminho do final da visita, ainda nos deparámos com mais uma avaria no colector que conduz esgotos para a malfadada ETAR de Rio Tinto , situação que estava a ser alvo de intervenção de uma brigada da Águas de Gondomar.Uma motobomba retirava efluentes da conduta e vertia-os no rio.

O final desta acção decorreu junto de um antigo núcleo habitacional ribeirinho, hoje de todo abandonado e degradado, onde o Arquitecto Mário Mesquita teceu algumas pertinentes considerações acerca dos modelos de cidade que pretendemos e que devem incluir o património natural, posto ao serviço dos cidadãos.
Declarou-se contrário à "musealização" do rio e referiu a necessidade de se ouvirem as pessoas, num processo colectivo de discussão com vista à obtenção das melhores soluções de ordenamento dos territórios.
No final de mais esta acção, Carlos Duarte e Fernando Garrido, em nome do Movimento em Defesa do Rio Tinto que a promoveu, teceram algumas considerações, designadamente em torno de uma proposta entretanto ali surgida, de se constituir um grupo de trabalho que proceda à inventariação do património municipal.
Depois de se agradecer a presença dos amigos do rio que participaram na visita, foram referidas outras iniciativas que estão em curso.
Até breve!

4 comentários:

Carlos Duarte Magalhães disse...

Uma participada e feliz visitação a edificações únicas, marca das gentes que século após século as ergueram, na busca de melhor qualidade de vida e em respeito com a natureza.
Ao longo da bacia do rio Tinto, existem ainda dezenas de estruturas que constituem um destacado sinal de identidade que não podemos perder.
Urge inventariar os moinhos, as azenhas, sistemas de rega e outras construções, avaliar o que tem interesse e fazer a classificação preventiva de imóveis de interesse municipal. Cabe à CMG essa tarefa, salvaguardar este tipo de património e iniciar tarefas de recuperação propriamente ditas, com vista à sua recuperação, valorização e a conferir a este património funções culturais, ambientais e, porque não, habitacionais.
Não vamos recuperar todos os moinhos, casas ou anexos, mas quais vamos recuperar?

Fredy Rangel disse...

Olá Carlos, penso que já não se dá valor a nada! Seja o rio, o sol, aos antigos moinhos, a natureza perdeu o valor para a Humanidade! A única coisa que nós humanos estamos a valorizar é o dinheiro, são os euros! Se não tem euros não vale nada, deixa que caía.... Abraço

Carlos Duarte Magalhães disse...

Viva Alfredo, um abraço também para ti.

Bruno Lourenço disse...

Requalificar um rio, restituindo o seu valor histórico e ambiental, deveria ser um forte sinal de progresso; e não dever ser o «progresso» de betão a sacrificar um rio...