quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lemos e registamos

Lemos (JN 30 Junho 2010) :

“Temos a expectativa clara de que até ao final de 2011 o rio Tinto possa estar em condições mais do que aceitáveis”. A garantia foi deixada, anteontem à noite (segunda-feira), pelo vice-presidente da Câmara do Porto, Álvaro Castello-Branco, em reunião da Assembleia Municipal.
Castello-Branco respondeu, assim, à perplexidade de Alda Macedo por o Parque Oriental da cidade do Porto ter sido inaugurado, no passado dia 7, sem que houvesse uma limpeza do rio Tinto.
“Tem um cheiro nada convidativo. Há frigoríficos lá enterrados”, revelou a deputada do Bloco de Esquerda, convencida de que a “aprazibilidade” do novo espaço da freguesia de Campanhã será condicionada pelo estado “poluído” daquele afluente do Douro.
Em resposta, Álvaro Castello-Branco recordou existe um projecto de despoluição do rio Tinto, que engloba uma comissão na Junta Metropolitana do Porto, presidida por Poças Martins. Lembrou que aquele curso de água, que nasce em Valongo e desagua no Porto, é “poluído” em Gondomar. E garantiu que, até ao fim de 2011, o rio estará “em condições mais do que aceitáveis”.

Lemos e registamos.
Mas duvidamos.
É que 2011 é já ali...
Lemos que "existe um projecto de despoluição do rio Tinto". Mas onde está? Quem o elaborou? Quem o apresentou? E a quem?
É que 2011 é já ali...
E para a despoluição ser verdade nessa altura, já se deveria estar no terreno com acções concretas, designadamente em Gondomar onde, como se diz na notícia, o rio é fortemente poluído.
Lemos e registamos.
Entretanto, a expressão " o rio estará em condições mais do que aceitáveis" deixa-nos algumas inquietações. O que serão condições "aceitáveis"? Serão as mínimas necessárias, apenas para retirar do Parque Oriental do Porto os cheiros "nada convidativos"?
Mas, apesar de tudo, lemos e registamos.
Para nos congratularmos, se, em finais de 2011 o rio estiver mesmo despoluído.
Mas para voltarmos com esta notícia e exigirmos que sejam assumidas responsabilidades se, mais uma vez, estas expectativas forem defraudadas.
Lemos, registamos e não esqueceremos.

1 comentário:

Adelaide Vieira disse...

Nestes dias de calor a minha memória puxou-me ternamente para as longínquas tardes de convívio nas margens do rio. Bandos de miúdos e graúdos, refrescavam-se nas águas, colhiam amoras e desfrutavam a natureza.
O mundo mudou muito! O bom e o mau continua a fazer-nos o que somos.
Mas são demasiadas as evidências das coisas que deviam ter sido evitadas, estivesse o conhecimento, a ética e o interesse comum presente no espírito dos “preferidos”. A ganância acorrentada à hipocrisia e à pequenez continuam levando vantagem.
Trata-se de uma monstruosidade, que se insiste em desvalorizar como se o Metro não pudesse aliar-se com o rio.
As perdas são colossais. Quem autorizou este assassínio não merece respeito ou confiança e deviam sair pelo próprio pé. Não o farão, porque não têm ética nem carácter, porque uma mentalidade oportunista e parasitária continua sendo tolerada por muito boa gente.
Termino com a sabedoria de um provérbio índio ao qual temos urgentemente de nos vincular: “Nós não herdámos o mundo dos nossos pais, pedimo-lo emprestado aos nossos filhos”.
Fico triste, por não conseguir que os meus netos tenham memórias das coisas que lhes pedimos emprestadas…