domingo, 20 de novembro de 2011

Muitas interrogações

Caminhamos para o segundo aniversário das cheias no rio Tinto causadoras de avultados danos, que reportámos neste blog, designadamente nestes posts:
http://moveriotinto.blogspot.com/2009/12/o-rio-tambem-se-zanga.html
http://moveriotinto.blogspot.com/2009/12/isto-faz-doer-o-coracao-de-quem-ama-o.html
http://moveriotinto.blogspot.com/2010/01/e-agora.html
http://moveriotinto.blogspot.com/2010/01/tudo-continua-na-mesma.html
Ao longo do tempo fomos assistindo a indecisões e protelamentos, no que se refere à correcção desses danos.
Depois de muito tempo, junto do Centro de Saúde, foram realizadas algumas obras, no valor total de mais de 300 mil euros.
No entanto,no decorrer das mesmas, fomos constatando factos que nos suscitaram interrogações e perplexidades.
Com efeito, fomos vendo, para além da implantação dos habituais muros da gabiões na margem esquerda, o atapetamento do leito do rio com grandes pedras, crescendo de tamanho e densidade até ao local onde se erguia a antiga e emblemática Levada da Vitória.
Por outro lado, nesse mesmo local onde permaneceu, durante largas dezenas de anos, a represa (ícone do nosso Movimento) que, entre várias funções, continha as águas para, designadamente alimentar os moinhos e que era assim
construiu-se um "arremedo de levada", com um inestético amontoado de pedras ligadas por argamassa, ficando o rio a correr, junto da base, por um orifício de pequenas dimensões.
Como dissemos, as interrogações que nos assaltaram foram diversas. Que estudos foram feitos para conduzirem a estas soluções? Que justificações de ordem técnica se adiantam para se implementarem estas obras? Será que tudo isto que foi feito funcionará quando o caudal do rio aumentar?
O que é certo é que, passado pouco tempo sobre a conclusão das obras, umas chuvadas mais fortes vieram pôr em causa estas soluções.
Com efeito, as pedras no no leito do rio, não travaram a força das águas, a "nova levada" não resistiu e desmoronou-se em parte.
Entretanto, os taludes junto à artéria fronteira ao Centro de Saúde, começam a dar sinais de decomposição, com a erosão a levar as terras encosta abaixo, até ao rio.
Mas há um dado fundamental a não esquecer: a bem visível aceleração das águas à saída do triste entubamento  a que se somaram  dispendiosas intervenções posteriores de todo questionáveis e que desnaturalizaram absurdamente o nosso rio, o que pode explicar muitas das fragilidades desta zona.

Mais recentemente a tal "levada"  foi reparada, estando agora o rio a correr por cima da parede. Será que, desta vez se vai aguentar?

Perante todos estes factos, há que obter respostas que esclareçam as razões que continuam a presidir às soluções de engenharia que são adoptadas nas intervenções que são feitas no rio.
O rio bem vai enviando as suas mensagens, faz ouvir a sua voz. Será que está a ser devidamente entendido?
Que fale quem é responsável por estas intervenções.

2 comentários:

FASA disse...

Sou um morador da Rua Actor Mário Viegas, para quem não conhecesse é a artéria do Centro de Saúde de Rio Tinto e aquela que fica paralela ao Rio Tinto. E para meu espanto, poucos meses apôs terem concluído as obras de recuperação do passeio e berma, vejo novamente tudo a desmoronar, em frente ao prédio nº54, grandes CRATERAS se estão a abrir, os passeios e a faixa de rodagem começa a ficar com fissuras. IRRESPONSABILIDADE

Movimento em Defesa do Rio Tinto disse...

Agredecemos o seu alerta quanto aos sinais de abatimento do pavimento nesse local.
No dia 23 do corrente, reportamos pessoalmente ao presidente da ARH-N, as fragilidades daquela reconstrução e os erros técnicos e ambientais ali grosseiramente cometidos. A urgência da intervenção(???) e a falta de dinheiro, foram argumentos para aquelas “obras de remedeio".
A criteriosa utilização dos dinheiros públicos, as boas praticas e o conhecimento, que em conjunto deviam nortear as decisões da ARH e da CMG, parece coisa inalcançável.
Uma sociedade exigente não maltrata os recursos escassos deste modo, nem desperdiça uma oportunidade para requalificar a margem e talude, dentro de critérios de engenharia moderna e sustentável.
Registados os factos, resta-nos estar atentos e reclamar da ARH N e da CMG a consolidação daquelas estruturas com respeito absoluto pelo rio (aquele território é uma margem do rio Tinto).
O rio Tinto também conta consigo, para o reabilitar e valorizar, pois todos ficaremos a ganhar com um rio Tinto melhor.
Viva o rio Tinto!