terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O rio também se zanga

Como aqui já temos dito várias vezes,maltratar os recursos naturais, terá sempre consequências.
No caso particular do nosso rio, despejar resíduos de forma clandestina e, sobretudo, ocupar os leitos de cheia com construções, taludes artificiais mal projectados e entubamentos forçados, são exemplos de actuações que, mais tarde ou mais cedo, acabarão por redundar em prejuízos mais ou menos graves.
No passado dia 21 de Dezembro, durante algumas horas,choveu intensamente em Rio Tinto.
Foi o suficiente para o rio, apertado por margens não naturais, galgar pontões, alagar e enlamear ruas, inundar casas, rebentar muros e grades,deixando atrás de si um rasto de danos e desolação.
As imagens que aqui deixamos, obtidas algumas horas depois do pico da cheia, dão uma ténue ideia do que se passou.


Esta situação, como foi reconhecido por muita gente (designadamente responsáveis da protecção civil) foi agravada pelas obras da ampliação da rede do metro.
Designadamente na zona das Perlinhas, o rio zangou-se a sério, levou vedações à sua frente, inundou caves, fez abater pavimentos.
E o entubamento que foi aqui implementado (e que alguns, estranhamente, teimam em considerar como provisório), para além de acrescentar mais um atentado contra-natura ao rio, parece estar, mesmo assim, subdimensionado. Veja-se a imagem que mostra o rio a aparecer à saída do referido entubamento, já quando as águas tinham descido significativamente e veja-se como o caudal está quase a bater no cimo. Será que, quando o Metro estiver em circulação e o rio se zangar de novo, não teremos aqui uma zona crítica?




Esperamos, vivamente, que estes lamentáveis acontecimentos, que deixaram em desespero muitas centenas de cidadãos, possam servir de lição.
Que os responsáveis e decisores possam olhar para estas ocorrências, com um olhar atento, inteligente e lúcido.
Porque , quer se queira quer não, o rio não perdoa a quem comete desmandos sobre a sua integridade.
E, quando se zanga, pode ser muito violento.

3 comentários:

Fernando Pinto disse...

Os erros começam a pagar-se. E não duvidem, que o pior ainda está para vir!!!
Deixem avançar a construção na bacia que até agora serviu para actividades agricolas....
É uma vergonha o que se está a passar no rio Tinto, benzidas pelas certezas iluminadas do presidente Marco. Sim, porque o das barbas, nem pia.
As "autoridades" que deviam impedir estes desvarios estão comprometidas até ao tutano.

Adérito Machado disse...

Muito se tem dito e redito sobre as consequências do entubamento e da forma como têm tratado o nosso rio e elas aí estão.
O mau tempo que assolou a região Norte, teve maiores consequências precisamente em Rio Tinto, devido às más politicas que têm sido implementadas em relação ao rio que atravessa a cidade.
Muitos têm sido os avisos das várias organizações da cidade de que destaco o Movimento em Defesa do Rio Tinto, como de pessoas com conhecimentos sobre a matéria tem vindo a alertar para o que poderia acontecer num futuro próximo e infelizmente não foi preciso esperar muito tempo.
Digo infelizmente, porque ao contrário do que alguns pensam, ninguém no seu perfeito juízo é contra a vinda do Metro para Rio Tinto, apenas se exige respeito pela natureza e é isso que não tem acontecido, desde a passagem do Metro por cima do leito natural até ao continuado entubamento, que tem sido desmentido sistematicamente, para alem de oportunidades como foi o caso do desentubamento junto da Quinta das Freiras que voltou a ser entubado, e que a Metro do Porto não foi sensível aos apelos da Assembleia de Freguesia de Rio Tinto.
Evidentemente que não culpo apenas as obras do Metro por tudo que aconteceu, porque há zonas afectadas onde este não irá passar, que foram afectadas, precisamente pelo abandono da sua limpeza e requalificação.
Espero que agora e depois destes acontecimentos os responsáveis autárquicos assumam de uma vez por todas da necessidade de trazer para cima da mesa a questão da limpeza e requalificação do rio Tinto e gravem para memórias futuras... as imagens dramáticas das pessoas que perderam os seus bens. A Metro do Porto já assumiu erros ...mas apenas na zona da sua intervenção, quem é que assumirá os danos causados a montante e a jusante? Fica a pergunta!

Unknown disse...

Valentim Loureiro enquanto presidente da CMG e da Metro é duplamente responsável pelo traçado do Metro em pleno leito de cheia. É dele ainda, o lamentável entubamento em frente ao Mercado entre outras decisões.
Ninguém gosta de dar más notícias, mas a teimosia dos diversos responsáveis, que rejeitam informações e contributos técnicos, que desprezam as preocupações e a disponibilidade das pessoas, continuam a não dar bons resultados.
Quando dizemos a verdade não precisamos de nos lembrar do que dissemos antes, ao contrário de muitos outros.
Em todo este processo, o Movimento contentou-se em começar com dúvidas, foi estudando, ouvindo e aprendendo, quis saber mais, foi-lhe negada informação.
Mas, todos os dias se conclui, da justeza e imparcialidade das tomadas de posição. A defesa do rio na sua totalidade é o objectivo.
Os erros cometidos contra o rio Tinto e que neste momento dificil afectou as populações são graves demais e não podem passar impunes.