segunda-feira, 26 de julho de 2010

Uma ETAR que é mais um problema e os silêncios que intrigam...

No passado dia 24, o Jornal de Notícias reportava um estudo de Adriano Bordalo e Sá, hidrobiológo do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS).
“Temos entre 200 a 500 vezes mais contaminação fecal do que a que nos permitiria ter bandeira azul na barra do Douro”, afiança o cientista.Essa poluição tem a principal origem nas descargas de águas residuais domésticas do milhão de pessoas cujas casas drenam, oficialmente ou não, para o estuário do Douro.
Mais adiante:
E como está o Douro poluído por esgotos se os concelhos que confinam com o estuário (Porto, Gaia e Gondomar) possuem redes de saneamento básico e estações de tratamento de águas residuais (ETAR)? Por várias razões, refere o hidrobiólogo. Há, de facto, oito estações, mas poucas têm tratamento terciário dos esgotos (capacidade para desinfectar o efluente).

“A legislação prevê a qualidade física e química do efluente libertado pelas ETAR, mas não a qualidade microbiológica”, explica o cientista. Ou seja, mesmo passando pelas ETAR, esta água à qual se dá o título reconfortante de “tratada” vai carregada de bactérias e de vírus. Por outro lado, acrescenta, “as ETAR também são parte do problema, porque algumas não funcionam, como a de Rio Tinto, ou funcionam com grandes deficiências”.
A isto, junta-se a poluição arrastada por muitas das 92 linhas de água – desde rios como o Tinto ou o Sousa até ribeiros encanados que não se vêem – que drenam para o estuário. Destas, 52 estão em Gaia, 30 em Gondomar e 10 no Porto, os três concelhos banhados pelo troço final do Douro.
(sublinhado nosso)
Esta notícia vem reforçar aquilo que o Movimento já, por diversas vezes denunciou. Designadamente, que a ETAR do Meiral, em vez de contribuir para a despoluição do rio Tinto, está, pelo contrário, a agravar a sua contaminação. Esta é uma conclusão que começa a ser reconhecida por alguns responsáveis. Que, no entanto, nada fazem, de concreto, para mudar esta triste realidade. Ou, então, "sacodem a água (suja) do capote" para outros ombros.
Será, entretanto oportuno recordar que o Movimento em Defesa do Rio Tinto dirigiu  pedidos de reunião, solicitados a 25 de Junho (já fez um mês), à Câmara Municipal de Gondomar e à ARH (Administração da Região Hidrográfica do Norte) para a apresentação da posição do Movimento no sentido de desactivar a ETAR do Meiral e dirigir o efluente de Rio Tinto para a ETAR do Freixo. Até hoje, sem resposta.Porquê?

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lemos e registamos

Lemos (JN 30 Junho 2010) :

“Temos a expectativa clara de que até ao final de 2011 o rio Tinto possa estar em condições mais do que aceitáveis”. A garantia foi deixada, anteontem à noite (segunda-feira), pelo vice-presidente da Câmara do Porto, Álvaro Castello-Branco, em reunião da Assembleia Municipal.
Castello-Branco respondeu, assim, à perplexidade de Alda Macedo por o Parque Oriental da cidade do Porto ter sido inaugurado, no passado dia 7, sem que houvesse uma limpeza do rio Tinto.
“Tem um cheiro nada convidativo. Há frigoríficos lá enterrados”, revelou a deputada do Bloco de Esquerda, convencida de que a “aprazibilidade” do novo espaço da freguesia de Campanhã será condicionada pelo estado “poluído” daquele afluente do Douro.
Em resposta, Álvaro Castello-Branco recordou existe um projecto de despoluição do rio Tinto, que engloba uma comissão na Junta Metropolitana do Porto, presidida por Poças Martins. Lembrou que aquele curso de água, que nasce em Valongo e desagua no Porto, é “poluído” em Gondomar. E garantiu que, até ao fim de 2011, o rio estará “em condições mais do que aceitáveis”.

Lemos e registamos.
Mas duvidamos.
É que 2011 é já ali...
Lemos que "existe um projecto de despoluição do rio Tinto". Mas onde está? Quem o elaborou? Quem o apresentou? E a quem?
É que 2011 é já ali...
E para a despoluição ser verdade nessa altura, já se deveria estar no terreno com acções concretas, designadamente em Gondomar onde, como se diz na notícia, o rio é fortemente poluído.
Lemos e registamos.
Entretanto, a expressão " o rio estará em condições mais do que aceitáveis" deixa-nos algumas inquietações. O que serão condições "aceitáveis"? Serão as mínimas necessárias, apenas para retirar do Parque Oriental do Porto os cheiros "nada convidativos"?
Mas, apesar de tudo, lemos e registamos.
Para nos congratularmos, se, em finais de 2011 o rio estiver mesmo despoluído.
Mas para voltarmos com esta notícia e exigirmos que sejam assumidas responsabilidades se, mais uma vez, estas expectativas forem defraudadas.
Lemos, registamos e não esqueceremos.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Assembleia Municipal

No passado dia 30 de Junho, realizou-se uma reunião extraordinária da Assembleia Municipal de Gondomar com um ponto único na ordem de trabalhos: "Metro ligeiro no Concelho de Gondomar. Análise da situação".
Estivemos lá e ouvimos elementos responsáveis da Metro do Porto, falar sobre os projectos em execução ou previstos para Gondomar.
Alguns deputados e presidentes de juntas de freguesia apresentaram dúvidas, preocupações, críticas, interrogações.
A todas essas questões os elementos da Metro respondiam impavidamente, com argumentos que, em alguns casos, teremos de considerar, no mínimo, como intrigantes.
No que nos diz respeito, ou seja, no que toca ao rio Tinto, soubemos que a possibilidade de se aproveitar a obra para devolver à liberdade algumas dezenas de metros do rio, não se fez, porque "o projecto era o que era e não havia volta a dar". E quanto ao novo entubamento na zona das Perlinhas e ao re-entubamente da parte final da Ribeira da Castanheira? Nada... Passou-se á frente...Nem uma palavra, nem uma justificação. E quanto ao moinho centenário que existia perto da Escola E.B. 2.3 nº 2 e que desapareceu do local? O responsável da Metro quis tranquilizar: "as pedras foram todas numeradas e estão guardadas". Não disse em que arquivo. Será num arquivo morto? E que se irá fazer com as pedras? Remontar o moinho (já agora recuperado?...) ?. E se assim for, onde? Em cima dos gabiões que foram colocados no sítio onde estava o moinho? Ninguém explicou...
E ficámos a pensar que há quem encare o património histórico como peças "lego" que se arrumam numa qualquer caixa de brinquedos num qualquer sótão onde se amontoam "inutilidades".
A Metro do Porto, poderá ter saído desta reunião com a convicção de que realizou uma excelente acção de marketing.
Mas nós, que temos memória e teimamos em querer pensar pela nossa cabeça, não saímos de lá nada convencidos.
Até porque, desde o início da obra, tentando funcionar como interlocutores, fomos sempre ignorados. Ao contrário do que afirmou,na Assembleia, o chefe da equipa da Metro presente, que quis fazer crer que era política daquela casa acolher todas as sugestões e críticas que lhe chegassem. Connosco, pelo menos, não foi assim.