quarta-feira, 30 de maio de 2012

O Governo respondeu...

O Partido Ecologista “Os Verdes” dirigiu ao Governo, através da Assembleia da República, as seguintes perguntas:
1 – Tem o Governo, a curto ou médio prazo, algum plano para recuperar o Rio Tinto?
2 – Quanto tempo mais vão ter de esperar as populações para poderem usufruir do seu rio na forma natural?
O Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território respondeu, posteriormente. Dessa resposta realçamos os aspetos mais relevantes.
O estado atual da massa de água que o rio constitui foi classificado como “Mau”, devido essencialmente a pressões de ordem urbana, estimando-se que, pela aplicação estrita da Diretiva Quadro da Água (Parlamento Europeu) , se atinja o estado de “Bom” num prazo de tempo que pode levar até 15 anos.
Para cumprir esse objetivo, foram, nomeadamente, delineadas as seguintes medidas:
- construção/melhoria do nível de tratamento da ETAR das AGS Gondomar (a chamada ETAR do Meiral);
- requalificação e valorização dos rios Tinto e Torto;
- estudo de afluências indevidas às redes de drenagem urbana à rede hidrográfica e se necessário o controlo das mesmas.
Estas medidas terão como horizonte temporal, os anos de 2012 a 2015.
No que se refere à ETAR de Rio Tinto, (adianta ainda a citada resposta), de acordo com as informações da empresa Águas de Gondomar,a solução proposta para as obras em curso prevê:
- a desativação da antiga obra de entrada;
- a construção de uma nova obra de entrada que permita uma remoção mais eficaz de gradados, areias, óleos, gorduras, e de um novo tratamento físico-químico por coagulação-floculação;
- a alteração do digestor permitindo a extração de sobrenadantes;
- a construção de um novo edifício de desidratação de lamas e estabilização das lamas desidratadas com cal.
Após a conclusão da remodelação (Agosto 2012), será avaliada a eficiência da ETAR e a necessidade da implementação de medidas adicionais.

Depois de saudarmos esta iniciativa de “Os Verdes”, oferece-nos adiantar alguns breves comentários. Além da enunciação das conhecidas medidas constantes do plano de bacia que atiram lá para 2027 a possibilidade de o rio Tinto vir a ser considerado Bom, é feita luz sobre a remodelação da ETAR, através do esclarecimento de alguns pontos . De salientar que a empresa Águas de Gondomar, apesar das nossas insistências, nunca nos informou nem esclareceu sobre as dúvidas e perplexidades que oportunamente lhe remetemos a propósito desta obra. É particularmente preocupante a previsão da avaliação da eficiência de uma obra já depois da sua conclusão...
E é estarrecedor que fiquemos a saber destas alterações via Assembleia da República, quando  diversas estruturas descentralizadas do estado e empresas de serviço público deveriam responder ao que fazia sentido ser esclarecido de modo aberto e transparente.
Entretanto, é intolerável que a nível local e municipal, ninguém esteja a acompanhar, a exigir informação e garantias da eficiência deste investimento.
Registamos, ainda, que, na resposta, se foca essencialmente a questão da ETAR. Todas as outras intervenções não são claramente  descritas, nem calendarizadas, nem apontados os seus executantes

sábado, 19 de maio de 2012

Estivemos na LIPOR

Conforme o previsto, estivemos, na manhã de hoje, na LIPOR, onde fomos amavelmente recebidos.
Éramos cerca de trinta , tendo a visita sido iniciada, no auditório da empresa,com uma breve apresentação, a cargo do Engº  Filipe Carneiro sobre a " A História de uma liixeira" onde se documentavam as diversas etapas por que passou a deposição de lixos naquela zona. Do mesmo modo se deram a conhecer as principais preocupações da LIPOR em termos ambientais bem como processos experimentais em curso, nomeadamente para o tratamento de lixiviados..

De salientar a grande transformação operada nesse local, desde a descontrolada deposição inicial de resíduos (década de 60) até à posterior selagem do aterro que hoje se apresenta como uma apraziível colina coberta de vegetação, que alberga um agradável "Parque Aventura"(visitado em 2011 por cerca de 26 mil pessoas) aberto à salutar fruição dos cidadãos.
Seguiu-se um período de perguntas e respostas onde o Dr Fernando Leite, Administrador Delegado da LIPOR, acompanhado por outros técnicos da empresa, designadamente o EngºAbílio Almeida, prestou esclarecimentos diversos.


Em síntese, foi referida a disponibilidade de a LIPOR patrocinar a monitorização de todo o rio Tinto desde  que tal seja solicitado por uma entidade responsável, neste caso, a CCDRN (já o fazem no rio Leça). Reconheceu-se que existe nesta zona um problema de excesso de azoto amoniacal mas há outros focos de poluição  que  são, de há muito, conhecidos.
Aquele dirigente acentuou a ideia de que o rio Tinto só poderá ser recuperado desde que se proceda à sua renaturalização. Aliás, a empresa pagou um projeto de despoluição do rio, que, como é óbvio, não lhe cabe executar.
Seguiu-se uma caminhada dentro das instalações da empresa, com destaque para o trajeto circundante da colina do Parque Aventura.


O Movimento em Defesa do Rio Tinto agradeceu a disponibilidade e a cordialidade da receção e reafirmou a intenção de prosseguir o diálogo e a colaboração com a LIPOR.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

19 de Maio - Visita à Lipor


Ano após ano, milhões de toneladas de lixo foram foram depositados no lugar da Formiga entre Ermesinde e Baguim do Monte, primeiro na lixeira que, de forma desregrada, foi nascendo junto à fábrica da FERTOR e depois já como aterro controlado pela LIPOR. A história desta deposição passou por momentos negros, tais com lixos depositados a céu aberto e águas contaminadas em resultado das escorrências. Em temos visuais o espaço está recuperado, o aterro foi selado e convertido em áreas de fruição pública. Na sua inauguração, o Parque Aventura apresentou percursos pedonais e ciclovias, um parque infantil, um campo de jogos, insufláveis e um parque radical com escorregas, slide, escalada e outros divertimentos em madeira. Sabemos ainda que a LIPOR, tem em produção um plano de tratamento e de controlo dos resíduos perigosos provenientes da decomposição (biológica / química) por forma a evitar a poluição da água. No entanto, algumas questões não poderão deixar de ser colocadas :
1. O que resta do aterro e em que condições ele se encontra?
2. Desse gigantesco amontoado de lixo colocado em cima de um solo não impermeabilizado, que perigos derivam para o ambiente, em especial para águas subterrâneas e as águas superficiais do rio Tinto e ribeiras contíguas
3. Que medidas, qual a monitorização e auto-controlo, que limitações e resultados estão identificadas no que respeita à gestão do aterro não selado?
A LIPOR disponibilizou-se ao nosso Movimento para prestar informações sobre os contornos da sua atividade. Assim, as questões atrás referidas e outras, serão colocadas na sessão agendada para as 11 horas do dia 19 de Maio, nas instalações daquela empresa, perto da Santa Rita.
Todos os que acompanham as nossas iniciativas e, em geral, os que se preocupam com questões ambientais são convidados a estar presentes nesta sessão.
Para quem não dispõe de transporte próprio serão proporcionadas boleias a partir da concentração junto ao Centro de Saúde de Rio Tinto, às 10h15. Quem preferir ir diretamente para a Lipor, a concentração será, junto à sede da empresa, às 10h45.

Contamos consigo!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Uma reportagem bem humorada da caminhada à nascente, feita por uma das participantes (complementando o post anterior)

Abril, 21, fez carrancas. Amanheceu sorridente o 28, em combinação com S. Pedro, que é o senhor do tempo. E, se a 21 choveu, foi porque o pedido atrasou, não chegou, (terá partido?), ficou esquecido, pois, se fosse enviado a tempo, S. Pedro, que manda a chuva, teria dado um jeitinho, que, santo que envia a chuva, também a pode suster, e ele até simpatiza com gente que "anda" p'los rios, ou com eles, tanto faz, não fosse o responsável pelos rios que há (cá) na Terra.
Mas hoje foi diferente, alguém enviou o pedido, e terá usado mais que um meio para ser mais eficaz e não ficar esquecido, e, solícito, S. Pedro, lá enviou um sol lindo de encantar. Pelas nove da manhã, cinco ou seis dúzias de almas, entre os seis e os sessentas, mais um cãozinho simpático, juntaram-se com o mesmo fim e, abençoadas com o sol, foram caminhar nas calmas. Pedro Teiga, discursou e a seguir "desertou"(*). E muito faz este homem por uma causa que não é sua: animar e incitar aqueles que no seu passado têm um rio vivo e limpo e vivem agora quase indiferentes, convivendo lado a lado com um curso moribundo. No Caneiro nos quedamos e o Moreira falou: das lavadeiras, das pedras identificadas, do coradouro das roupas, (espaço roubado há pouco, ao rio tão maltratado), das festas que ali havia, da ribeira de Baguim, dos peixinhos... E lá o fomos seguindo, o rio Tinto, claro está, umas vezes claro, quase transparente, e outras vezes nem tanto. Uma parede inesperada, surgiu entretanto, e ia gorando o intento de quem, neste dia abençoado, queria chegar à nascente. Os organizadores, incansáveis, lá nos foram orientando. Contornamos a parede e à linha férrea chegamos. Que susto! Que "fixe"! De um lado para o outro íamos atravessando para não perdermos nada. Parecíamos actores de um qualquer filme de acção. Regressei de imediato à minha vida passada e quis experimentar se, no carril, ainda me equilibrava. No sopé do Parque Aventura, vulgo, antiga lixeira, havia uma "planície" logo ali, na Palmilheira. Um moinho lá no meio, do tempo do rio em força, descoberto por quem sabe, que quem o vê, enfeitado de heras bem verdes nesta paisagem tão calma, diria tratar-se apenas da casinha de um poeta que há muito tempo morreu e na paisagem se integrou sendo agora tudo aquilo: calma, verde, terra, pássaros... Pena o cheiro pestilento a destoar no conjunto, mais aquele rato morto e o pássaro também. Este espaço tão bonito, não passa afinal disso: belo, mas com senão. É só "plástica" como é moda, pois, basta um olhar atento para descobrir, no fundo, disfarçados, encobertos, venenos imundos. E o pobre rio, que devia ter e dar vida à terra, carrega só porcarias que ali lhe chegam da Maia e da montanha de lixo que é hoje - Parque Aventura. Saímos do espaço campestre, chegámos ao citadino. Ermesinde, Maia, Baguim, mas que grande confusão! Dum lado a auto-estrada, do outro o MacDonald's, lá ao cimo a Santa Rita... A estrada nacional é preciso atravessar e, como se adivinhasse de uma boa causa tratar-se, até o trânsito parou para nos deixar passar. Continuamos a subir, rumo a Montes da Costa que é onde a nascente se mostra. É Costa, ninguém duvida, mas dos Montes nada resta, pois, em nome do progresso, abateram-se as matas para "plantar" cimento que é (ou foi), muito rentável no nosso tempo. Lá chegámos ao destino e, à nossa espera, estava a engenheira Ana Silva um tanto atrapalhada, pois provavelmente com tanta gente não contava. Abriu-se a mina e os mais corajosos atreveram-se a descer, a contemplar... e poderão desmentir que, apesar do nome que tem, o rio, onde nasce, não é Tinto, a sua água é limpida, é cristalina, e. se não fosse tão maltratado, poderia ser recuperado. Do regresso nada sei, não pude testemunhar, um músculo traiçoeiro começou a dar sinal, obrigando-me a ficar. Aos organizadores e àqueles que deram a cara, obrigada, e, até à próxima caminhada!

(*). NA- Nesse dia, Pedro Teiga tinha agendada a participação numa reunião de uma associação de que faz parte. Mas fez questão de estar presente na parte inicial desta caminhada.