sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Reunião com a ARH

O Movimento em Defesa do rio Tinto, vai ser recebido na segunda-feira, dia 1 de Fevereiro, pelo presidente da Administração da Região Hidrográfica do Norte, I.P. (ARH do Norte, I.P.).

Esta reunião foi por nós solicitada, com o propósito de dar a conhecer o Movimento e os seus objectivos, de identificar problemas, de tomar conhecimento das medidas e respectiva calendarização com vista à reabilitação do rio Tinto e de todo o seu sistema hídrico.
A reunião será ainda aproveitada, para encetar uma futura cooperação em acções a articular no domínio da educação ambiental e sensibilização para a importância da  defesa do nosso rio.
Oportunamente serão divulgadas mais notícias sobre os resultados desta reunião.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Vamos limpar Portugal. O rio Tinto, incluído!


Como já aqui referimos, no próximo dia 20 de Março, estará no terreno a iniciativa "Limpar Portugal".
Integradas neste importante projecto, a que o Movimento em Defesa do Rio Tinto, aderiu desde a primeira hora, realizar-se-ão, nesse dia, acções de limpeza do nosso rio, que decorrerão em três locais que, a seu tempo, serão divulgados.
Para conhecer mais pormenores e integrar-se nesta jornada em defesa do Ambiente em geral e do rio Tinto em particular, visite este site:

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

E agora?


Neste local, à saída do troço entubado do rio, foram gastas muitas centenas de milhar de euros. A emparedar, a "domesticar" as margens, a fazer obras que os planeadores acharam que seriam uma excelente solução. Mas veio a cheia mais forte e a "solução" mostrou-se tão ineficaz que entrou em colapso.
E assim se gasta, ingloriamente, dinheiro dos contribuintes.
E agora, quem paga as favas?

domingo, 17 de janeiro de 2010

Tudo continua na mesma



Entre estas duas imagens, a primeira recolhida, junto do Centro de Saúde de Rio Tinto, no dia seguinte às cheias de 21 de Dezembro e a segunda, no mesmo local, quase um mês depois, que diferenças se notam?
A conclusão mais óbvia é que nada se passou ou, quando muito, os danos que elas reportam terão, até, aumentado.
E é verdade. Quase um mês após esses lamentáveis acontecimentos, os estragos continuam bem à vista de todos. Apesar das declarações de circunstância, nada se moveu até agora.
Parece que cada um dos responsáveis está à espera de que outro, que não ele, faça alguma coisa, e assim, tudo permanece na mesma.
Até quando?

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Matemáticas...

O Senhor Vice-Presidente da Câmara Municipal de Gondomar, em declarações à imprensa, a propósito das cheias de 21 de Dezembro e dos danos que elas provocaram, afirmou que as obras da nova linha do metro constituiram-se como um factor que "veio ajudar a agravar a situação em 70%". Como também afirmou que "ninguém esperava que numa noite e num dia chovesse tanto". "Essa é que foi a razão", depreende-se que os restantes 30% de responsabilidade pertenceram ao S. Pedro.
E esta precisão matemática foi conseguida apenas com um breve olhar sobre a realidade.
Qual auditoria pedida pela ARH, quais estudos que serão levados a cabo por especialistas em hidráulica fluvial?
O autarca não precisa dessas coisas, destas investigações de cientistas, para tirar conclusões. Para si, basta a "ciência da vida". Por isso, com toda a precisão, dividiu as percentagens de culpa. Não reservou nem "unzinho por cento" para si, para a Câmara, para a "pressão urbanística" já admitida pela ARH.
Pois é...Só que, apesar de tudo, as pessoas têm memória e o passado não se pode apagar assim de um momento para o outro, sem mais consequências.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Quando o rio fala mais alto, há quem seja obrigado a acordar...

Transcrevemos breves extractos desta notícia do JN:

A Região Hidrográfica do Norte pediu ontem à Faculdade de Engenharia uma auditoria para perceber como poderão ser reduzidos os riscos de cheias em Rio Tinto.

O presidente da ARH do Norte já admitiu que as obras do metro do Porto, para construção da linha Dragão/Venda Nova, são outro foco "de pressão fluvial sobre a zona de risco de cheias". "Não podemos ignorar que é uma questão adicional. Temos que procurar mitigar essa questão adicional", referiu Guerreiro Brito.
"É um claro conflito entre uso do solo e gestão da água. Estas casas em zonas de risco de cheias não deviam existir", declarou António Guerreiro Brito, recusando-se, porém, a defender demolições. Apenas disse que "a análise custos/benefícios pode ser efectuada" pela Câmara de Gondomar.
...
Embora continuem a aparecer responsáveis por muitos desmandos cometidos sobre o rio a “sacudirem a água do capote” e a lançarem as culpas para as “inesperadas intempéries” o certo é que o facto de o rio “ter falado “ mais alto, teve o condão de fazer acordar consciências.
E tudo isto deveria fazer com que alguns detractores do Movimento, alguns que, em diversos momentos tentaram denegrir a nossa imagem ,as nossas denúncias, os nossos apelos, os nossos receios, reconhecessem que, afinal tínhamos razão.
Há certas palavras que, mais tarde ou mais cedo, acabam por partir “telhados de vidro”.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Para memória futura

Intervenção do Movimento, na Assembleia de Freguesia de Rio Tinto,
 em 28 de Dezembro de 2009

Exmo. Sr Presidente da Assembleia de Freguesia,

Exmos Sr. Membros da Ass. Freguesia e da Junta de Freguesia,

Exmos Sr e Sr.as,

A intempérie que atingiu Rio Tinto no passado dia 21 de Dezembro veio confirmar os alertas e preocupações que o Movimento em Defesa do Rio Tinto há muito vinha a transmitir. As inundações, as destruições, os prejuízos, não podem ser reduzidos a uma explicação meramente aleatória de “catástrofe natural”.

Não nos conformamos com as aparentes desculpas apresentadas pelos responsáveis políticos que até ao momento apenas “sacudiram a água do capote”.

Vejamos o exemplo do vice-presidente da Câmara de Gondomar e responsável pelo Gabinete de Protecção Civil, que em declarações à Lusa afirmou, e passo a citar: a CM, “desenvolveu todos as iniciativas humanamente possíveis para minimizar os efeitos que o mau tempo fez sentir””.

No entanto, isto é apenas o cumprir de um dever da própria instituição! Mas além de actuar à posteriori, mais do que limpar as ruas, remover destroços, há que saber ler as mensagens que o rio agora deixou.

As inundações resultaram de um acumular de más decisões políticas que por sua vez conduziram a más opções técnicas e que não só à Metro do Porto podem ser apontadas! Há aqui, claramente, erros de planeamento e de fiscalização, mas também de licenciamento e aprovação de projectos, que não salvaguardam a nossa cidade de novas reedições destas catástrofes.

Ao longo da sua existência, O Movimento em Defesa do Rio Tinto tem, incansavelmente, denunciado uma série de atentados e atropelos à integridade deste rio que é pertença de uma comunidade e que está para além de interesses e estratégias conjunturais.

Alertamos atempadamente para as consequências de erros acumulados ao longo dos últimos tempos. O entubamento do troço mais emblemático, a artificialização do leito e margens em diversas zonas, impermeabilizando-as, a ocupação de leitos de cheia por construções, a falta de uma cobertura eficiente de rede de saneamento são apenas alguns exemplos gritantes do tipo de atropelos que se continuam a verificar ao longo do nosso Rio.

Mais recentemente, as obras de ampliação da rede do Metro para Gondomar, com um traçado que no nosso entender apresenta algumas soluções técnicas no mínimo intrigantes, tais como um novo entubamento parcial e a continuidade total do já existente, vieram acrescentar novas preocupações.

Nos últimos tempos temos também assistido, com algum humor, a ataques ao Movimento em Defesa do Rio Tinto chegando mesmo a ser acusado de mentir no que diz respeito a novos entubamentos do nosso Rio.
Vejamos o caso do artigo publicado no Jornal Viva Cidade de 17 de Dezembro de 2009, em que o Sr. Nuno Fonseca acusa o Movimento, e passo a citar “ … tem-se vindo a assistir a um conjunto de mentiras sobre o entubamento do rio Tinto e as obras do Metro, afirmando-se que a construção da linha de Metro Dragão/Venda Nova está a entubar mais o Rio Tinto.” E mais adiante afirma-se “Aqui está uma mentira que, dita tantas vezes, até pode parecer verdade.”

Seremos nós que faltamos à verdade?! Se assim é porque não uma deslocação à zona das Perlinhas para verificar um novo entubamento do nosso rio. Desta vez são mais 60 metros de linha de água que a população deixará de ver e de ter por perto. Refira-se que aquilo que para o Sr. Nuno Fonseca é mentira é confirmado pela própria Metro do Porto!
Fica no entanto a dúvida e a questão... o que leva um elemento do executivo da Junta de Freguesia de Rio Tinto a branquear a obra da Metro, que já se encontra no terreno?

Na última campanha eleitoral todos aqueles que levantaram a bandeira da vinda do metro para a cidade terão agora de explicar e assumir que o metro veio entubar mais um troço de rio. E já agora para que não restem dúvidas 60 metros de entubamento correspondem a 6000 cm de rio escondido arruinando a promessa de que “… nem mais um centímetro de rio será entubado…”.

Sempre estivemos abertos a ouvir e analisar a opinião dos outros. Apresentamos sugestões, pedidos de reunião e esclarecimentos mas não fomos ouvidos nem tidos em conta. Para agravar e procurando diminuir-nos acusam-nos, frequentemente, de servir interesses partidários. Ora porque damos protagonismo político aos autarcas da CM e da JF, ora porque estamos colados a várias forças políticas. A isto apenas dizemos: temos a nossa consciência tranquila o nosso objectivo não passa por aí, mas pela real reabilitação e renaturalização do nosso Rio.

As nossas opiniões são claras e foram amplamente difundidas. Somos um movimento de intervenção cívica e continuaremos a trabalhar para divulgar os nossos pontos de vista e fazer valer as nossas ideias.

Chega de “lamber as feridas”. Que não se iludam os responsáveis (em primeira linha a Câmara Municipal de Gondomar e a Junta de Freguesia de Rio Tinto) pois se nada for feito para encontrar soluções para o Rio Tinto o que se verificou no dia 21 de Dezembro repetir-se-á, mais dia menos dia, mais chuva ou menos chuva!
É necessária a requalificação e renaturalização das margens nas zonas críticas, o desentubamento em troços onde tal é ainda claramente viável e a conclusão das obras de saneamento básico.
É necessário actuar em profundidade corrigindo erros estruturais.
Depois das graves inundações e destruições verificadas no dia 21 de Dezembro é necessário reabilitar e reconstruir o que se perdeu! Que medidas de prevenção estão a ser planeadas, se é que as há.
As soluções não podem ser meros remendos paliativos.
Certamente que vai haver quem diga que não há recursos financeiros para intervenções profundas. A esses responderemos que em situações como esta, em que a segurança e os haveres de cidadãos são postos em causa, terão que ser mobilizados os meios necessários, quanto mais não seja pela exigência de “fundos de catástrofe”.

Um dia, o incontornável Berthold Brecht, escreveu:
“Do rio que tudo arrasa
se diz que é violento.
Mas ninguém diz violentas
As margens que o oprimem”.

Por tudo isto, aqui fica o conselho: cuidem das causas em vez de minimizar os efeitos.
Chega de dizer “tomei banho nas águas deste rio”, deixem que quem nunca lá se banhou possa dizer “vou desfrutar das águas límpidas do meu rio”.

28 Dezembro de 2009
Movimento em Defesa do Rio Tinto