Na segunda feira, 28 de Dezembro, através da companheira Marta Macedo, o nosso Movimento, interveio, dentro do período destinado ao público, na reunião da Assembleia de Freguesia de Rio Tinto.
Manifestámos, então, as nossas opiniões sobre os lamentáveis acontecimentos do passado dia 21 de Dezembro, designadamento, apontando razões para o agravamento de danos causados por uma intempérie forte, é certo, mas já acontecida num passado mais ou menos recente com consequências menos pesadas. Entre essas razões, como já aqui temos dito, avultam decisões erradas, tais como o entubamento de parte significativa do rio, construções anárquicas em leitos de cheia e, mais recentemente, as obras de ampliação da rede de Metro, quanto a nós deficientemente planeadas e fiscalizadas.
Foi, entretanto, visível o incómodo que a intervenção despertou em alguns presentes, mais concretamente, no seio da bancada da maioria que gere a Junta.
Nomeadamente, quando a nossa companheira fazia a sua intervenção, foi interrompida, por diversas vezes, pelo Presidente da Assembleia. pressionando-a para que a intervenção terminasse.
Produziu, mesmo, a certa altura, este dirigente uma afirmação que não pode deixar de se registar com espanto:
-"Agradeço que a menina não faça declarações políticas".
É mesmo espantosa esta afirmação.
Pois, que se fará num órgão do poder autárquico? Será lugar para se debaterem os sonetos de Camões ou as raízes etnográficas da chula do Minho?
É bem claro que, numa Assembleia de Freguesia, se debatem temas políticos. Por exemplo, os erros a que aludimos, partem de erros de decisão política. Como denunciá-los, sem denunciar os seus responsáveis (por acção ou omissão) ?
E é preciso que algumas personagens entendam que o Movimento em Defesa do Rio Tinto exerce um direito de intervenção cívica que é um direito político constitucionalmente assegurado.
Por vezes, e porque a nossa voz incomodará, de facto, alguns, tentam colar-nos um rótulo de itervenção partidária.
Essa é uma velha estratégia que, connosco, não resultará.
Continuaremos livres e independentes, a lutar por uma causa em que acreditamos. Debatendo, entre nós, diversas visões, para chegarmos aos consensos possíveis e necessários. Mas sem abdicarmos do objectivo fundamental: pugnar pela requalificação e renaturalização do nosso rio.
Nesse sentido, continuaremos a incomodar.